— cold days

cidade de Cotswood parecia exatamente como Abigail lembrava através de suas memórias humanas, com exceção de um ou dois prédios mais modernos, provavelmente construídos nas últimas décadas.
Apesar de não saber exatamente o porquê, desde que saíra do inferno pela primeira vez desde a sua morte, tivera uma vontade imensa de rever sua cidade natal. A casa onde morou a maior parte de sua vida — o que realmente não pode ser considerado muito tempo quando se é assassinada aos 21 anos de idade — não existia mais e, agora dava espaço a uma imensa casa de shows noturna.
Abby soltou uma risada, imaginando a reação de sua mãe se soubesse que o lar da família Black, a família que ela tanto tentou preservar, não era nada além de ruínas para um prostíbulo de luxo.
A risada que escapou pelos seus lábios não lhe eram nada familiar e soava extremamente errado. Era infantil, quase angelical, assim como o resto da aparência que sua receptáculo possuía. Talvez fosse por esse motivo que Abigail a tivesse escolhido, entre tantas outras aparências mais apropriadas para um demônio, ou talvez ainda tivesse relação com a semelhança que possuía com seu próprio corpo quando ainda estava viva. A mesma pele pálida e os cabelos ruivos igual fogo...
Era irônico, no entanto, adentrar os portões negros de Coltswood Cemetry como fazia todos os domingos em vida. Dessa vez, as suas mãos estavam vazias, sem nenhuma flor ou vela, enquanto seus passos moviam-se sem hesitação pela grama recém-aparada. O túmulo que Abigail estava a procura era um dos mais distante da entrada, mas nem isso a fez desistir de sua missão.
Seus olhos brilharam em malícia ao encontrá-los. As lápides destinadas a família Black estavam ali a tanto tempo que era quase impossível enxergar claramente o que estava escrito nelas, mas ela sabia e a satisfação por, finalmente, conseguir ver o túmulo de Amélia não podia ser comparada a nada no mundo. O melhor de tudo era saber quem era a responsável por colocá-la ali: a própria Abigail.
— Você está atrasado. — Abby disse ao recém-chegado atrás de si, seus olhos não se desviaram do novo túmulo ali adicionado.

resposta para a pergunta de Vhagar já estava na mente de Abigail antes mesmo dele finalizar a sentença. Ela nem precisou dar tempo para o pensamento fixar-se antes de pronunciá-lo em voz alta.
— A única coisa da minha antiga vida que eu sinto saudade é de você.

m pensamento antigo cruzou a mente de Abigail, mas ela tratou logo de ignorá-lo e focou-se em retribuir o beijo de Vhagar. Uma risada escapou de seus lábios quando o ouviu Vhagar chamando-a de fofa. Algumas coisas realmente não mudavam.
— Eu não sei como o mundo está... E meu único interesse é ficar com você o máximo de tempo possível e o mais próximo também.

s olhos de Abigail mantinham-se fixos nas suas mãos entrelaçadas antes de começar a brincar com elas, distraidamente.
— Eu adoraria conhecer o seu irmão. — afirmou com sinceridade, voltando a olhá-lo nos olhos — Ele sabe sobre mim? E... Eu adoraria conhecer a Inglaterra do século XXI com você.